Os sete erros do professor de EBD
Nobres professores, sem generalizar, há alguns erros que poderiam ser evitados por nós, seja na preparação ou na aplicação da lição. Vamos compartilhar sete desses erros mais comuns e como evitá-los. Eventualmente posso ter incorrido em algum deles. Sou humano e professor de EBD desde os 17 anos, sempre procurando melhorar.
Achar que sabe tudo. Comungo da ideia de muitos expoentes da pedagogia e áreas afins: vivemos aprendendo! Somente a morte cessa nosso aprendizado. Já aprendi grandes lições com pessoas anônimas ou sem muita expressão. Aprender depende de se ter uma mente aberta. Não à toa em hebraico o verbo לָמַד lamad, tanto significa ensinar, quanto aprender!
O professor que sabe tudo coloca em prática a autossuficiência. É um sinal claro de desastre. Comento tópicos da lição ao longo da semana com amigos e irmãos. E vou aprendendo até o domingo. Outro problema de quem acha que sabe tudo é se fechar para uma nova ideia, um novo olhar sobre determinado assunto. Vivemos na era da criatividade, mas, diz o ditado, uma jorra vento… apenas se a abrirmos!
O remédio para esse problema é a compreensão de que não sabemos tudo, de que a Bíblia é uma fonte insondável de riquezas. E muita humildade, que não faz mal a ninguém!
Desprezar a lição até o domingo pela manhã. Boa parte dos professores, sem querer generalizar, só pegam a lição no sábado à noite (para o estudo semanal para docentes) ou na hora da aula. É muito ruim esse tipo de atitude, traz um conteúdo raso e difícil de digerir. Invariavelmente, os alunos vão embora e o professor não percebe.
Desleixo
Costumo ler tópicos e subtópicos de todas as lições de um trimestre de uma só vez. Muitas vezes leio a própria lição toda. Depois vou lendo uma após outra detidamente, a cada semana. Isso me dá um ganho panorâmico do assunto e me impede de antecipar assuntos que serão tratados a seu tempo.
Jamais deixe pra ler a lição no domingo de manhã. É certeza de problemas diante da sala. Na menor das hipóteses o aluno terá lido e vai te questionar. E você não saberá como responder!
Desprezar os recursos audiovisuais. Infelizmente, muitos professores ignoram o valor de um quadro, um mapa, uma gravura, um datashow. Vamos apresentar de maneira científica o valor de tais recursos. Observe as tabelas abaixo[1]:
Uso de audiovisuais
Retenção ao longo do tempo
A primeira diz respeito à retenção em si mesma, avaliada de maneira geral. A segunda diz respeito à retenção através do tempo. Não deixam dúvidas que uma aula enriquecida com materiais audiovisuais trará maior aproveitamento para os alunos. Com a variedade de meios que temos hoje em dia à disposição é indesculpável o professor não lançar mão deles.
Uma ressalva importante, é que o professor não pode exagerar na dose e deve estar familiarizado com o conteúdo a ser apresentado. Do contrário, o tiro sai pela culatra.
Supor que pessoas mais idosas não gostam de recursos audiovisuais. Na minha experiência como docente e dirigente de EBD tive a grata surpresa de quase apanhar de uma classe de senhoras. É que eu distribuía semanalmente uma palavra cruzada computadorizada (feita no EclipseCrossword). Quando eu priorizava os jovens e esquecia a classe das senhoras era reclamação na certa… Rsrsrs! Já tive a oportunidade de experimentar a aplicação de várias atividades do tipo em classes com pessoas mais idosas e nunca tive dificuldade nisto. De bônus acontecia o seguinte: o aluno que pegava a palavra cruzada ou outra atividade não faltava no domingo seguinte. Captou!?
Contextualização
Utilize todos os recursos audiovisuais possíveis disponíveis na sua Igreja. Quadro, flanelógrafo, datashow, notebook. Um detalhe importante é que nem sempre você fará o melhor infográfico, a melhor apresentação. Vamos aprendendo à medida que fazemos! E temos de manter a mente aberta para o aprendizado constante.
Esquecer a contextualização. Qualquer lição tem um tema que deve ser contextualizado na realidade do ouvinte. Infelizmente, nem sempre o professor foca no tema. Por falta de preparo, ignorância ou intenção mesmo ele divaga para outros assuntos, deixando a desejar naquilo que interessa ao aluno.
Precisamos entender que quando o aluno vem à EBD ele já tem em mente, ao menos de maneira genérica, qual o assunto a ser abordado, cabendo a professor ser um facilitador do aprendizado. Uma vez decepcionado ele despreza a leitura da lição e, em muitos casos, despreza a própria classe, se ausentando da EBD.
A contextualização diz respeito diretamente ao aspecto prático da lição. Assim como na pregação, o ensino tem que falar ao coração do ouvinte. E transformá-lo! Há ensinadores fantásticos, cujas palavras apenas impressionam o aluno, não o levam a refletir de que maneira pode aplicar o que aprendeu.
Desprezar a pesquisa. O professor não pode deixar a aula soçobrar por falta de conteúdo. Já peguei aulas e assuntos maçantes. Nem sempre a CPAD acerta a mão. Qual a saída? Enriquecer o assunto! Lendo e relendo a lição vamos descobrir que subtópicos, parágrafos e termos podem ser explorados, que eventuais lacunas podem ser preenchidas e quais oportunidades gerarão reflexão na classe.
Geralmente professores que não pesquisam tem imensa dificuldade com os tempos em que vivemos. Muitos deles são reprovados no item 2, desse post. O aluno, ao contrário, já entrou na internet, já pesquisou o assunto, já chega com opinião formada. Se você estiver perdido… já era!
Esquecer da Bíblia. O grande Norman Geisler disse na Consciência Cristã/2013, que perguntou aos especialistas do FED – Federal Reserve (o Banco Central americano) no que se especializavam para descobrir as fraudes do sistema financeiro. Eles responderam tranquilamente: “Nós nos especializamos na cédula verdadeira”! Ou seja, estudando com vagar e cuidado a nota verdadeira do dólar, eles eram capazes de descobrir quaisquer fraudes envolvendo a moeda americana.
Devemos pesquisar e estudar materiais os mais diversos que tenham conexão com a aula, mas não podemos esquecer da Bíblia. Deixar de ler antecipadamente o texto áureo, o texto bíblico e as referências principais é fatal! Leia os textos bíblicos conexos com a lição, as referências, se possível em mais de uma versão para ter domínio do assunto.
Na intenção de melhorar sempre…
Faça o download desse texto em PDF!
[1] FERREIRA, Oscar Manuel de Castro; JÚNIOR, Plínio Dias da Silva. Recursos Audiovisuais para o Ensino. São Paulo: EPU, 1975.
Sobre o autor Daladier Santos | Website
Meu nome é Daladier Lima dos Santos, nasci em 27/04/1970. Sou pastor assembleiano da AD Seara/PE. Profissionalmente, trabalho com Tecnologia da Informação, desde 1991. Sou casado com Eúde e tenho duas filhas, Ellen e Nicolly.
Paz do Senhor meu passtor Daladier.
A realização de dinâmicas, desafios bíblicos, questionários, acredito eu, são também ótimos recursos que se bem utilizados poderão enriquecer a aula e reter a atenção do aluno. Infelizmente, ainda há em nosso meio professores que negigenciam tais ferramentas sob a desculpa de que, os alunos, principalmente os mais idosos não têm interesse em tais didáticas.