Nem tudo é murmuração!

Nem tudo é murmuração!

Murmuração é, por vezes, um termo abrangente para ações incômodas para a liderança. Em muitos estudos, Escolas Bíblicas de Obreiros, predominantemente, a liderança esbraveja contra aqueles que obstam seus projetos, mesmo que com ponderações razoáveis. Mas nem tudo é murmuração. Criou-se a fala impressão que qualquer discordância o é. Em muitas igrejas e ministérios o que se exige não é obediência, mas subserviência. Até que as coisas comecem a dar errado!

O brilhante economista norte-americano Canice Prendergast lançou, em 1993, um artigo intitulado A Theory of Yes Men. De um lado aqueles que sempre dizem sim, de outro os que dizem não. É um estudo sobre a importância da discordância numa organização. A discussão básica do livro se dá em torno do diagrama abaixo:

Adaptado de O Livro dos Negócios, Exame

A tese de Candace é que em todas organizações as pessoas dizem sim com medo de perder seu emprego, seu cargo, sua posição hierárquica, amizades, networking. Por vezes, é exatamente sim o que querem ouvir gerentes e líderes. É o que lhes infla o ego e os faz pensar que estão no rumo certo. Mas esta tendência tem se mostrado danosa para a estratégia organizacional. Um líder eficaz compreende que é humano e suas decisões são limitadas. Ouvindo um não ele será obrigado a repensar suas escolhas e evitar erros mais rapidamente do que aqueles que só aceitam submissão.

Os homens sim acabam sacrificando um precioso aliado da organização: a comunicação. A verdade tomba no terreno da mediocridade. A mentira se instaura e prejudica o relacionamento entre as pessoas com seus sinais trocados. Quando a gerência descobre o problema já é tarde demais.

Há uma analogia que se conta, na qual a liderança só enxerga a copa das árvores, os liderados conhecem o terreno, as raízes, ou seja, as dificuldades efetivas para alcançar determinado objetivo. Evidentemente, não é um caso de cegueira, mas de perspectiva. O Royal Bank of Scotland (RBS) enfrentou perdas bilionárias entre 2008 e 2009, mas nas reuniões seus altos executivos sempre aprovavam as decisões e omitiam os riscos potenciais. Mais recentemente, as Lojas Americanas apresentaram um rombo de R$ 40 bilhões em seu balanços, após passar anos sem detectar o problema e ainda pagando gordos bônus a seus gerentes, como se nada houvesse acontecido. É esse o padrão de grandes falências do mundo corporativo.

Nas igrejas não é diferente. Afinal, toda igreja é uma organização. Quem discorda, mesmo que respeitosamente, é logo taxado como irresponsável, provocador, semeador de contendas, murmurador! Isso pra dizer o básico. Porque não raro é associado ao próprio Diabo. Quem nunca ouviu de alguém que foi comparado a Datã, Coré e Abirão, os famosos dissidentes do povo de Israel? As pessoas não compreendem que pastores e líderes podem falhar, mesmo sendo escolhidos por Deus e tendo a melhor intenção possível. Somente alguns milhares de reais jogados no lixo ou pessoas chateadas adiante é que se percebe que o alerta de outrora era pertinente.

Diversos episódios eclesiásticos seriam resolvidos com um canal aberto de comunicação entre lideranças e liderados. É o que aconteceu em Atos 6:1ss. Percebendo a procedência da controvérsia sobre as mulheres preteridas na ação social da nascente Igreja Primitiva, os apóstolos tomaram a sábia decisão de ouvir a reinvindicação e implementar uma saída. O problema poderia ter crescido e tomado uma dimensão impensável. Sem qualquer necessidade.

Por outro lado, os homens não devem se especializar na oferta de alternativas. Dizer não, não resolve o problema! Há pessoas que se especializam na discordância. Discordam por discordar e não se preocupam em pensar na solução. São tão negativas que bloqueiam a criatividade.

Nelson Rodrigues, nosso melhor frasista, dizia que toda unanimidade é burra. Redobre o alerta quando todos dizem sim. E seja humilde para compreender a discordância de quem diz não!

Conheça o artigo de Canie clicando aqui.

Sobre o autor | Website

Meu nome é Daladier Lima dos Santos, nasci em 27/04/1970. Sou pastor assembleiano da AD Seara/PE. Profissionalmente, trabalho com Tecnologia da Informação, desde 1991. Sou casado com Eúde e tenho duas filhas, Ellen e Nicolly.

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3 Comentários

  1. Vanderson Souza Pereira diz:

    Tópico excelente! Obrigado pelos esclarecimento. Deus bos abençoe.

  2. Aurélio Mercio diz:

    Glória a Deus!!! Até que enfim um texto (e raciocínio, claro), sobre esse assunto. Parabéns.

  3. Francinaldo Pereira diz:

    Excelente material, deixa as minhas aulas, mais dinâmicas.